Vol. XIII: Vitrais 92 - set 2020

A Revista da ABRT Associação Brasileira Ramain-Thiers

ISSN 2317-0719

VITRAIS
Vol. XIII: Vitrais 92 - set 2020

 

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Literatura

 

Foco sobre a resistência à Decisão 

por: Irvin D. Yalom

 

 

 

Por que as decisões são difíceis? No romance Grendl, de John Gardner, o protagonista, confuso com os mistérios da vida, consulta um sacerdote sábio que profere duas frases curtas e simples, aterrorizantes: “Tudo passa, e as alternativas são excludentes”.

“As alternativas são excludentes” – esse conceito situa-se no coração de muitas dificuldades decisórias. Para cada “sim”, deve haver um “não”. As decisões são caras porque exigem renúncia. Esse fenômeno atraiu grandes mentes em todas as épocas. Aristóteles imaginou um cachorro faminto incapaz de escolher entre duas porções de comida, igualmente atraentes e os escolásticos medievais escreveram sobre o asno de Burridan, que morreu de fome entre dois fardos de feno com cheiros igualmente de doces.

[...], descrevi a morte como uma experiência-limite capaz de mover um indivíduo de um estado de espírito cotidiano para um estado ontológico (um estado de ser no qual estamos cientes de ser), em que uma mudança é mais possível. A decisão é outra experiência-limite. Ela não apenas nos confronta com até que ponto criamos a nós mesmos, mas também com os limites das possibilidades. Tomar uma decisão nos tira as demais possibilidades. Escolher uma mulher, ou uma carreira, ou uma escola, significa abrir mão das possibilidades dos demais. Quantos mais encaramos nossos limites, mais temos de renunciar ao nosso mito de qualidade especial pessoal, potencial ilimitado, imortalidade e imunidade antes as leis do destino biológico. É por esses motivos que Heidegger referiu-se à morte como a impossibilidade de possibilidade adicional. O caminho para a decisão pode ser difícil porque leva o território tanto da finitude quanto da infundamentabilidade – domínios mergulhados em angústia: Tudo passa, e as alternativas são excludentes.

 

REFERÊNCIAS

YALOM, Irvin D. Os desafios da terapia. Trad. Vera de Paula Assis. Rio de janeiro: Ediouro, 2006. Cap. 49.